segunda-feira, 25 de julho de 2011

QUESTÕES DE CONCURSO - PORTUGUÊS

Atenção: As questões de números 01 a 06 referem-se ao texto abaixo.
Mílton e o concorrente

Mílton ainda não abriu a sua loja, mas o concorrente já abriu a dele; e já está anunciando, já está vendendo, já está liquidando a preços abaixo do custo. Mílton ainda está na cama, ao lado da amante, dessa mulher ilegítima, que nem bonita é, nem simpática; o concorrente já está de pé, alerta, atrás do balcão. A esposa fiel companheira de tantos anos está a seu lado, alerta também. Mílton ainda não fez o desjejum (desjejum? Um cigarro, um copo de vinho, isso é desjejum?) o concorrente já tomou suco de laranja, já comeu ovo, torrada, queijo, já sorveu uma grande xícara de café com leite. Já está nutrido.
Mílton ainda está nu, o concorrente já se apresenta elegantemente vestido. Mílton mal abriu os olhos, o concorrente já leu os jornais da manhã, já está a par das cotações da bolsa e das tendências do mercado. Mílton ainda não disse uma palavra, o concorrente já falou com clientes, com figurões da política, com o fiscal amigo, com os fornecedores. Mílton ainda está no subúrbio; o concorrente, vencendo todos os problemas do trânsito, já chegou ao centro da cidade, já está solidamente instalado no seu prédio próprio. Mílton ainda não sabe se o dia é chuvoso, ou de sol, o concorrente já está seguramente informado de que vão subir os preços dos artigos de couro. Mílton ainda não viu os filhos (sem falar da esposa, de quem está separado); o concorrente já criou as filhas, já as formou em direito e química, já as casou, já tem netos.
Mílton ainda não começou a viver.
O concorrente já está sentindo uma dor no peito, já está caindo sobre o balcão, já está estertorando, os olhos arregalados já está morrendo, enfim.
(SCLIAR, Moacyr. Contos reunidos. São Paulo: Companhia das Letras, 1995, p. 13-14)

01. A análise da construção do texto revela que
(A) uma constante comparação vai reproduzindo, passo a passo, um dia da vida das personagens, cujas ações são apresentadas rigorosamente na sequência temporal em que se deram.
(B) um grande efeito de coesão entre as distintas cenas focalizadas é fruto do paralelismo sintático instaurado pela correlação entre ainda e .
(C) a ideia de competição é construída pela intensa explicitação dos bens que as duas personagens disputavam entre si.
(D) a coerência textual se afrouxa no trato dos parágrafos: nos iniciais, as personagens estão lado a lado, em cerrada disputa; nos últimos, o afastamento delas surge como gratuito, considerado o tema da concorrência.
(E) a composição do espaço atende à estrita necessidade de as ações serem situadas, sem contribuir para a caracterização das diferenças entre as personagens.

02. Considerados os fundamentos do gênero conto, é correto afirmar sobre Mílton e o concorrente:
(A) nesse texto, o leitor ouve diretamente a voz de Moacyr Scliar a relatar os acontecimentos, o que é comprovado pela inexistência de personagem que, dizendo eu, assuma essa função.
(B) há marcas, na superfície desse texto, de que a voz que narra se afasta da neutralidade ao referir fatos e características das personagens, colocando-se como voz problematizadora da ação, como se nota no segmento entre parênteses na linha 4.
(C) o título dessa narrativa, parte integrante do texto e com função própria, foi explorado de modo a produzir uma falsa expectativa no leitor: o nome próprio sugere que Mílton, e não o concorrente − referido vagamente pelo seu papel social − será o protagonista.
(D) essa composição, como todo relato ficcional, teve de se ater à lógica da vida real para convencer o leitor da possibilidade dos fatos expostos; essa lei fundamenta a atestada semelhança entre relatos dessa natureza e os de uma notícia de jornal.
(E) nesse relato, a onisciência da voz narrativa, observável, por exemplo, em O concorrente já está sentindo uma dor no peito, determina a maior adesão da personagem-narradora aos horizontes internos dos seres.

03. Considerando que toda produção humana transpira uma visão do mundo (veicula valores), apreensível no conjunto de escolhas e combinações que constituem a obra, é legítimo afirmar que o autor, nesse conto,
(A) vale-se da oposição de perfis para demonstrar, em sucessivas situações que enfatizam as aquisições e as perdas, que a sociedade contemporânea inviabiliza a existência dos que não se afinam com o universo dos negócios, da bolsa de valores, dos figurões.
(B) defende o modo de vida típico da ideologia capitalista, centrado na concorrência e na máxima de “tempo é dinheiro”, pois deu ao concorrente um perfil inquestionável de existência gloriosa.
(C) tira proveito de visões estereotipadas − como a da figura da esposa (fiel companheira de tantos anos) e da amante ([...] mulher ilegítima, que nem bonita é, nem simpática) − para explicitar sua convicção de que por trás de todo homem bem sucedido há sempre uma grande mulher.
(D) advoga, pelo tom irônico com que compõe os perfis, que as crenças e os valores tradicionais são infundados, do que decorre sua alegação de que não há qualquer sentido ou utilidade na existência.
(E) caracteriza o concorrente com atributos típicos de uma certa ideologia − é eficiente empreendedor, cuida da alimentação, é bom chefe de família, é proprietário − , e, pelo destino que dá a ele, ilumina o valor relativo da busca desenfreada que empreendeu.

04. Examine o conceito teórico (I) e os parágrafos finais do conto (II), abaixo transcritos.
I. Chamamos de encadeamento o inter-relacionamento de enunciados sucessivos, com ou sem elementos explícitos de ligação. Portanto, podemos ter encadeamentos por justaposição (sem a presença do articulador) e por conexão
(quando o conector está presente no texto).
II.            Mílton ainda não começou a viver.
O concorrente já está sentindo uma dor no peito, já está caindo sobre o balcão, já está estertorando, os olhos arregalados já está morrendo, enfim.

O inter-relacionamento do primeiro com o segundo parágrafo, em II, considerado seu contexto, exemplifica encadeamento por justaposição com valor
(A) causal.
(B) temporal.
(C) de contraste adversativo.
(D) de retificação.
(E) de comentário.

05. Considerando que a estrutura linguística manifesta a intencionalidade do autor no processo de construção do sentido, leia com atenção o que segue.
I. A nomeação da personagem exclusivamente feita por meio da forma nominal concorrente viabiliza a imagem de um sujeito consumido na própria ação de competir.
II. No segmento Mílton ainda está na cama, ao lado da amante, dessa mulher ilegítima, que nem bonita é, nem simpática, o emprego do advérbio nem, ao instaurar a pressuposição de que a beleza e a simpatia de uma mulher poderiam legitimar sua condição de amante, traz à tona valores sociais contraditórios.
III. No segmento destacado em Mílton ainda está na cama, ao lado da amante, dessa mulher ilegítima, o pronome
demonstrativo, dentre as diversas propriedades caracterizadoras de amante − que supostamente são partilhadas pelo autor e pelo leitor − ativa certo julgamento pejorativo que o enunciador quer ressaltar.
Análise crítica que revela consistência, considerado o sentido global do texto de Moacyr Scliar, se apresenta em
(A) I, apenas.
(B) I e III, apenas.
(C) II e III, apenas.
(D) I e II, apenas.
(E) I, II e III.

06. Mílton ainda não viu os filhos (sem falar da esposa, de quem está separado); o concorrente já criou as filhas, já as formou em direito e química, já as casou, já tem netos. É correta a seguinte afirmação sobre o que se tem no fragmento acima:
(A) em (sem falar da esposa, de quem está separado), um novo objeto de discurso é introduzido no texto − a esposa − , e passa a ser seu foco, como o comprova sua situação de sujeito da oração adjetiva.
(B) a progressão o concorrente já criou as filhas, já as formou em direito e química, já as casou, já tem netos se dá ao mesmo tempo em que ocorre crescente complexidade sintática em todos os segmentos oracionais.
(C) a descontinuidade sintática produzida pelo segmento (sem falar da esposa, de quem está separado) é determinada somente pelo emprego do sinal de pontuação “parênteses”.
(D) o contexto permite a correção, na materialidade do texto, do desvio sintático provocado pelo segmento (sem falar da esposa, de quem está separado).
(E) a descontinuidade sintática produzida pelo segmento (sem falar da esposa, de quem está separado) desapareceria, por exemplo, na formulação “(e muito menos a esposa, de quem está separado)”.

Atenção: Para responder às questões de números 07 e 08, leia os textos I e II.

O texto I é fragmento de ensaio de Rodrigo Naves sobre Saul Steinberg, publicado na revista. O grande artista Saul Steinberg (1919-1999) consagrou-se mundialmente por seus cartuns. O texto II é reprodução de uma de suas obras.

I.                                                            Sair da linha: uma introdução a Saul Steinberg

Certa vez, um alfaiate das redondezas em que Saul Steinberg trabalhava precisou fechar sua loja no meio da semana. Na porta da oficina, em vez do protocolar “Fechado por motivo de saúde”, afixou um cartaz em que se lia: “Estou doente”. Adam Gopnik, amigo do desenhista e crítico da revista New Yorker – publicação em que Steinberg também trabalhou, por quase 60 anos, 87 capas e mais de 1200 desenhos – conta que a frase fez seu colega sorrir por vários dias.
II.

[http://www.fumetti.org/afnews/2003/09/segno/manifesto.htm]

07. Seria plausível que a reação de Saul Steinberg ao texto afixado na loja tivesse sido provocada porque o artista reconheceu nele
(A) a inabilidade do alfaiate com a linguagem, o que poderia assim ser descrito do ponto de vista dos gêneros textuais: a comunicação verbal do enunciador (alfaiate) teria sido prejudicada por seu desconhecimento das peculiaridades linguísticas e estruturais do cartaz.
(B) uma situação social bastante frequente, que poderia assim ser descrita do ponto de vista dos estudos da linguagem: o enunciador, de pouco trânsito entre distintos gêneros discursivos, não soube fazer uso eficaz da linguagem numa instância pública.
(C) uma inadequação, que poderia assim ser descrita do ponto de vista dos estudos da linguagem: o texto não foi adequado ao assunto tratado, que exigiria formulação condizente com a variedade linguística valorizada socialmente.
(D) uma sem-cerimônia que, sendo cartunista, lhe era muito familiar, pois lhe propiciava questionar com ironia os comportamentos previsíveis, as convenções; a sem-cerimônia do alfaiate produziu cartaz mais informal e menos impessoal, sem prejuízo de sua função comunicativa.
(E) a marca de alguém que criticou as boas normas − de conduta e da linguagem −, perspectiva que, como humorista, sempre adotou em suas produções; o viés crítico do alfaiate produziu cartaz excessivamente conciso e enérgico, não atendendo plenamente à sua função comunicativa.

08. Pela coerência entre o discurso verbal e o desenho reproduzido, poderia ser atribuído ao autor do cartum o seguinte depoimento:
(A) A hesitação que se nota em minhas obras é acidental. Quero que sejam tomadas como clássicas. Em torno da figura acabada acentuo os traços, para que o fruidor de meus desenhos privilegie a forma registrada como definitiva.
(B) A energia de meus traços é a manifestação do forte impulso que me leva a criar. Ofereço a forma mais acabada possível dos retratos que produzo, cujos perfis permitam ao leitor, meu contemporâneo, o reconhecimento instantâneo do reproduzido.
(C) Minha linha quer lembrar constantemente que é feita de tinta. Eu reivindico a cumplicidade de meu leitor, que transformará essa linha em significação, utilizando nosso solo comum, feito de cultura, história e poesia.
(D) Separo a arte daquilo que realizo nas ilustrações. Nestas deixo de exercer meu poder de deformação. Rostos/máscaras, flores/borrões são o que oferto ao público, para que partilhem comigo a transparência do sentido.
(E) Minha afinidade com a geometria explica a obsessão que se vê nas obras. Diferentes formas geométricas as habitam, sempre em busca do ajuste perfeito. Para aqueles que as contemplam, ofereço um problema matemático, nem sempre acessível a todos.

Atenção: As questões de números 09 a 12 referem-se a uma coluna jornalística publicada no jornal Diário da Noite, em 15 de junho de 1960.

Aulinhas de sedução
Cursinho sôbre perfume
Como se perfumar

Uma gota atrás de cada orelha. Outra gota em cada pulso. Uma outra na nuca. Se quiser, outras duas no interior do cotovelo – e com esse estranho “interior de cotovelo” quero dizer nas dobras dos antebraços com os braços. Uma gotinha nas têmporas. E assim, a cada movimento seu também o perfume se movimenta.
De um modo geral é preferível um perfume mais para seco do que para doce. A menos que seu tipo exija, pela sua doçura de índole e de intenções, uma essência realmente doce.
Na verdade perfume é mesmo questão de gosto, e você está livre para escolher o que lhe agrada.
Mas não é só questão de gosto: é de ocasião também. Você nunca deve usar um perfume mais pesado, à base de almíscar, para fazer esporte, por exemplo, ou para um passeio ao ar livre. A languidez que tais perfumes comunicam tiraria o ânimo dos outros esportistas, ou dos que se propuseram a uma caminhada de quilômetros.

(LISPECTOR, Clarice Lispector. Correio Feminino. In: Aparecida Maria Nunes (org.). Correio Feminino. Rio de Janeiro: Rocco, 2006, p. 99)
09. Levando em consideração o gênero discursivo "coluna jornalística", que se relaciona a uma seção especializada de jornal ou revista, publicada com regularidade e geralmente assinada, é correto afirmar que, no texto de Clarice Lispector, se

(A) mantém a estabilidade das regras composicionais do gênero, cuja prioridade é a informação sobre o fato midiático, veiculada com objetividade.
(B) desestabilizam as regras composicionais do gênero, devido a recursos como a inserção de segmentos acentuadamente argumentativos, exemplificados em Na verdade perfume é mesmo questão de gosto.
(C) notam características de uma receita culinária, o que comprova ser a coluna, como todo gênero, “um enunciado relativamente estável”.
(D) intensificam as prescrições, calcadas no dever fazer algo, de modo a emparelharem-se coluna e bula de remédio, já que nelas se apaga a subjetividade.
(E) afasta o teor de aulinha anunciado no título, devido ao emprego recorrente das frases nominais do primeiro parágrafo, as quais desfazem a noção de interlocução.

10. A observação da função dos fatos gramaticais na constituição do discurso autoriza afirmar que, na coluna jornalística, o uso
(A) do verbo "ser" no presente do indicativo – Na verdade perfume é mesmo questão de gosto – confirma que a asserção abrange todos os tempos, o que aumenta a sua generalidade.
(B) do pronome de tratamento, recorrente ao longo do texto, dilui a expectativa em relação a uma "coluna feminina", gênero tipicamente caracterizado por criar ilusão de intimidade.
(C) da oração subordinada adjetiva – que tais perfumes comunicam – destaca um atributo inevitável da languidez, o que a torna obstáculo para a atividade esportiva.
(D) da expressão explicativa – à base de almíscar – com vistas a aumentar o conhecimento sobre o assunto tratado, destoa do tom didático, antecipado pelo subtítulo Cursinho sôbre perfume.
(E) da elipse de uma forma verbal no primeiro parágrafo − Uma gota atrás de cada orelha − propicia informações implícitas sobrecarregadas de ambiguidades.

11. Levando em conta a possibilidade de depreender o contexto a partir de um texto, é correto dizer que, na coluna jornalística,
(A) são enfatizados comportamentos femininos voltados para agradar o "outro", de modo a confirmar-se a imagem de uma leitora incapaz de formular juízos próprios.
(B) são consolidados princípios que remetem à ilusão da livre escolha, em se tratando de bens de consumo relacionados a necessidades e a práticas sociais dos menos favorecidos.
(C) é recuperada, em termos de escrita, a atenção devida ao uso do acento diferencial, obrigatório para algumas palavras, tal como voltou a ser normatizado pelo acordo ortográfico ora vigente.
(D) é privilegiada uma atitude que aspira à harmonia da convivência social, na medida em que é recomendada a sutileza da sedução.
(E) fica confirmada a igualdade entre os saberes da colunista e da leitora-alvo, ambas envolvidas na esfera midiática da comunicação.

12. Levando em conta o aproveitamento das funções da linguagem na coluna, considere as afirmações que seguem:

I. A função poética emerge da curta extensão de cada uma das três primeiras frases (linha 1), o que recria, no plano da expressão, a leveza e a brevidade do gesto de perfumar-se.
II. A função conativa se concretiza, entre outros recursos, por meio do uso do pronome possessivo (linhas 3 e 4).
III. A função metalinguística (linhas 1 e 2), reconhecível no estranhamento relativo ao próprio dizer, é confirmada pelo uso das aspas.
É correto o que se afirma em

(A) I, II e III.
(B) I e II, apenas.
(C) I e III, apenas.
(D) II, apenas.
(E) III, apenas.


Atenção: As questões de números 13 a 20 referem-se aos Textos I e II.

Texto I

Todos os diversos campos da atividade humana estão ligados ao uso da linguagem. Compreende-se perfeitamente que o caráter e as formas desse uso sejam tão multiformes quanto os campos da atividade humana, o que, é claro, não contradiz a unidade nacional de uma língua.
Texto II

A revolução do internetês

Simplificação da grafia e uso de símbolos aplicam liberdade da fala à escrita; efeito sobre a sintaxe dos jovens pode não ser catastrófico como se imagina
Por Silvia Marconato

Vc jah viu exe tipo de texto? Pois eh, ixo eh o internetes... ou melhor, o internetês. Essa forma de expressão
grafolinguística explodiu principalmente entre adolescentes que passam horas na frente do computador no Orkut, em chats, blogs e comunicadores instantâneos em busca de interação e de forma dinâmica.[...]
Na ponta do teclado, o internetês dá nome a um conjunto de abreviações de sílabas e simplificações de palavras que leva em conta a pronúncia e a eliminação de acentos. De quebra, acrescenta uma leve dose de humor às mensagens on-line. Não o suficiente para evitar inúmeras críticas, como a de que os jovens têm sido induzidos a escrever mal e a de ser um frankenstein de linguagem, excludente e viciada.
Eduardo Martins, autor do Manual de Redação do jornal O Estado de S. Paulo, olha com reservas o fenômeno.
O aprendizado da escrita depende da memória visual: muita gente escreve uma palavra quando quer lembrar sua grafia. Se bombardeados por diferentes grafias, muitos jovens ainda em formação tenderão à dúvida alerta.
Formado pelo inglês dos softwares e manuais, por abreviações e símbolos (emoticons), o jargão empresta à escrita a liberdade da fala, com vocabulário e construções gramaticais próprios. Enquanto os textos tradicionais podem ser relidos, repensados, corrigidos, as mensagens em tempo real tendem ao mínimo de caracteres, são mais curtas e dadas com rapidez o "falante” pode conversar com muita gente ao mesmo tempo. Daí as abreviações não serem etimológicas ("pneumático" vira"pneu", mas mantém o radical pneu = ar), e sim fonéticas ("aki" = "aqui").
A falta de acentos e pontuação viria do não-reconhecimento dos sinais por alguns servidores a mensagem seria destruída ou convertida em símbolos ininteligíveis, não padronizados. Já a expressão das sensações dá lugar aos emoticons ou smileys, em que caracteres digitados fazem a analogia de uma emoção.
O internetês pode não representar uma ameaça ao idioma como no passado a grafia dos telégrafos ("vg" para vírgula) ou o caipirês de Chico Bento, personagem de Mauricio de Sousa, não o fizeram. Sírio Possenti, professor de linguística da Unicamp, assegura que não existiria fator de risco.
Uma coisa é a grafia; outra, a língua. Não há linguagem nova, só técnicas de abreviação no internetês. As soluções gráficas são até interessantes, pois a grafia cortada é a vogal. A palavra "cabeça", por exemplo, vira "kbça", e não "aea". A primeira forma contém os fonemas indispensáveis ao entendimento.
(Adaptado da Revista de Língua Portuguesa, disponível em http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=11061)

13. Tomando o Texto I como pressuposto teórico, considere as seguintes afirmações sobre o Texto II.
I. Revela visão positiva acerca da inovação linguística atribuída a adolescentes: desprezando a expectativa de objetividade do texto jornalístico, reproduz somente argumentos favoráveis ao internetês.
II. Inicia-se com frases grafadas em internetês, que chamam a atenção do leitor, para, a partir da expressão ou melhor, assinalar a incompatibilidade desse código com as normas de acentuação vigentes, requeridas de um texto formal, publicado em jornal.
III. Tem o título seguido de síntese típica de reportagens, que antecipa dados e conclusões apresentados ao longo do texto.

Está correto o que se afirma em
(A) I, apenas.
(B) II, apenas.
(C) I e II, apenas.
(D) II e III, apenas.
(E) I, II e III.


14. O Texto I abona a afirmação de que o internetês pode ser considerado um modo peculiar de expressão porque
(A) sendo usado por adolescentes em atividades de recreação, tende a diluir-se com o tempo, tal como as gírias.
(B) é empregado em contexto específico por falantes que, colocados em outros tipos de interação, podem utilizar-se de outros registros.
(C) é excludente e "viciado", isto é, barra o acesso dos que desconhecem informática e torna os falantes dependentes de sua utilização mesmo nos contextos que requerem escrita formal.
(D) se pauta em habilidades técnicas (digitar apenas consoantes, usar frases curtas e enviá-las com rapidez) que garantem a ausência de ambiguidades nessa comunicação escrita.
(E) desagrega a unidade do português do Brasil, pois, ao eliminar qualquer indicação de tonicidade (v. jah e eh), impede que o falante mais velho decifre as novas convenções.

15. Ainda considerando os Textos I e II, é correto conceber o internetês como uma variedade linguística que
(A) desconsidera os fundamentos etimológicos e sintáticos da língua, reduzindo-os à desordem característica da linguagem oral.
(B) tem especificidades incompatíveis com sua origem, sua função sociolinguística e seu suporte tecnológico de utilização.
(C) incorpora características tanto da modalidade oral quanto da escrita, já que se pauta pela velocidade típica das interações face a face e é registrada em suporte gráfico.
(D) comprova a insuficiência da linguagem verbal, que precisa ser complementada por emoticons, do mesmo modo que a fala necessita de gestos e expressões faciais para cumprir suas funções comunicativas.
(E) imprime maior precisão ao discurso, pois se vale de grafias menos ambíguas que as oficializadas no código ortográfico vigente.

16. O Texto II destaca conceituadas opiniões sobre o internetês. A respeito delas, é correto afirmar:
(A) para Sírio Possenti, as convenções ortográficas prendem-se a detalhes, sendo, por isso, um obstáculo à eficácia na comunicação.
(B) para Eduardo Martins, a grafia deve ser a mais simples possível, para permitir que os aprendizes a registrem em sua memória visual.
(C) para Sírio Possenti, grafias comuns no internetês são coerentes com aspectos fonológicos da língua.
(D) para Eduardo Martins, grafias adotadas no internetês desprezam elementos essenciais do sistema fonológico do português do Brasil.
(E) para Sírio Possenti, há uma relação direta entre conhecimento linguístico e domínio das regras ortográficas, comprovada pelo exemplo citado (kbça).

17. Certos procedimentos linguístico-discursivos permitem separar, em um texto, opiniões relatadas de opiniões aceitas. Um trecho do Texto II que poderia ser usado para exemplificar um desses procedimentos e seus efeitos de sentido é
(A) (linha 16) A falta de acentos e pontuação viria do não reconhecimento dos sinais de pontuação por alguns servidores, pois a forma verbal sinaliza o não comprometimento da autora com a veracidade do argumento.
(B) (linha 19) O internetês pode não representar uma ameaça ao idioma, já que a forma verbal leva a descartar a hipótese considerada.
(C) (linha 6) Não o suficiente para evitar inúmeras críticas, pois o segmento em destaque expõe a contrariedade da autora em face das críticas mencionadas.
(D) (linhas 22 e 23) As soluções gráficas são até interessantes, pois o termo destacado sugere que Possenti sentiu
constrangimento diante de soluções gráficas que não apoia.
(E) (linha 8) Eduardo Martins, autor do Manual de Redação do jornal O Estado de São Paulo, olha com reservas o fenômeno, pois o verbo destacado induz o leitor a considerar o argumento reproduzido em seguida, em discurso direto, como tendencioso e incoerente.


18. O vocabulário é espaço de constantes inovações, que, entretanto, não se dão de modo aleatório, desconectado da natureza da língua e de características da sociedade. Exemplifica esse fato, no Texto II,
(A) o uso do substantivo próprio frankenstein como advérbio que, no contexto, é sinônimo de “feia”.
(B) a incorporação de palavras do inglês (smileys, softwares), cuja grafia revela que foram adaptadas aos modelos de sílaba mais comuns no português.
(C) a formação da palavra pneu, que inovou o vocabulário, mantendo plenamente a estruturação morfológica e fonológica do item lexical que lhe deu origem.
(D) a forma Vc, que leva para a escrita a substituição, já consagrada na língua falada, de “você” por “cê”.
(E) a presença da palavra internetês que, correspondendo a um novo item lexical, remete a processo comum de formação de palavras na língua.

19. A significação das palavras e expressões é mais bem avaliada nos seus contextos de uso efetivo. Tendo esse pressuposto em mente, é correta a seguinte afirmação sobre expressão empregada no texto II:
(A) (linha 11) o significado de símbolos é concebido como mais específico que o de emoticons.
(B) (linha 5) uma leve dose de humor é expressão explicitamente irônica, já que o humor não evitou críticas.
(C) (linha 4) Na ponta do teclado traduz-se, corretamente, por “Na extremidade do local em que se encontram as teclas”.
(D) (subtítulo, linha 1) sintaxe é palavra que, por generalização, equivale a “linguagem”.
(E) (linha 5) De quebra pode ser substituído por “No mínimo”, sem prejuízo do sentido original.

20. Formado pelo inglês dos softwares e manuais, por abreviações e símbolos (emoticons), o jargão empresta à escrita a liberdade da fala, com vocabulário e construções gramaticais próprios. Enquanto os textos tradicionais podem ser relidos, repensados,  corrigidos, as mensagens em tempo real tendem ao mínimo de caracteres, são mais curtas e dadas com rapidez o "falante” pode conversar com muita gente ao mesmo tempo.
É correto afirmar que, no contexto acima,
(A) os parênteses acolhem esclarecimento sobre todo o trecho que os antecede.
(B) o uso de aspas em “falante” remete ao fato de que um usuário do internetês não precisa, necessariamente, ser um falante do português.
(C) com vocabulário e construções gramaticais próprios refere características da fala e não do jargão.
(D) o segmento Formado pelo inglês dos softwares e manuais, por abreviações e símbolos (emoticons) expressa uma causa.
(E) há incorreção no uso da vírgula entre caracteres e são, de acordo com a gramática normativa.

Atenção: As questões de números 21 e 22 referem-se ao texto abaixo.

Caviar?
Você sabe o que é caviar?
Nunca vi nem comi, eu só ouço falar
Mas você sabe o que é caviar?
Nunca vi nem comi, eu só ouço falar.
Caviar é comida de rico
Curioso fico,
Só sei que se come
Na mesa de poucos
Fartura adoidado
Mas se olha pro lado
Depara com a fome
Sou mais ovo frito
Farofa, torresmo
Pois na minha casa
É o que mais se consome
Por isso, se alguém vier me perguntar
O que é caviar,
Só conheço de nome
[...]
(Apud ILARI e BASSO. O português da gente. São Paulo: Contexto, 2008)

21. Em certas passagens do trecho acima, extraído de letra de canção de Zeca Pagodinho, identifica-se construção sintática comum no português do Brasil, caracterizada
(A) pela obrigatória alternância, em um mesmo período, entre orações com sujeito explícito (eu só ouço falar) e outras com sujeito indeterminado (nunca vi nem comi).
(B) pelo uso de Mas na introdução de orações interrogativas que se opõem a perguntas ou respostas anteriores.
(C) pela omissão de se em oração que, mesmo no português oral informal, o requer, por clareza: “Mas se se olha pro lado”.
(D) pela eliminação dos pronomes oblíquos, que, mantidos, resultariam na seguinte estrutura, conforme à norma culta: “Nunca vi-o, nem lhe comi, eu só ouço falar-se”.
(E) pelo apagamento de complementos verbais recuperáveis no contexto −Só sei que se come (caviar).

22. Assinale a alternativa correta.
(A) (linha 9) adoidado tem valor equivalente ao de “muita”, funcionando como exemplo de que as palavras definem seu valor semântico e gramatical em uso.
(B) (linha 12) Sou mais é empregado com o mesmo valor semântico verificado em “Sou mais piauiense que baiano, pois já moro há muito tempo aqui”.
(C) (linha 6) Curioso fico respeita a ordem natural dos termos da oração em português e mantém o tom informal da linguagem adotada.
(D) (linha 16) Por isso introduz causa para aquilo que se afirmou nos dois versos imediatamente anteriores.
(E) (linha 18) Só conheço de nome tem o mesmo significado de “Não conheço”, na medida em que “conhecer” algo implica ao menos já o ter visto.

Atenção: As questões de números 23 a 26 referem-se à tirinha abaixo reproduzida.


23. Verifica-se que, na tira, o humor foi produzido por uma resposta inesperada de Cebolinha à pergunta feita por Mônica. Essa resposta inesperada foi possibilitada
(A) por um erro gramatical na formulação da pergunta feita por Mônica.
(B) pela dificuldade de interpretação do enunciado por Cebolinha.
(C) pela imprecisão semântica do pronome demonstrativo isto, que pode ser associado a diferentes referentes em uma situação de discurso.
(D) por uma inadequação em relação ao tipo de registro utilizado por Mônica, não apropriado à situação discursiva.
(E) pela dificuldade de interpretação do enunciado por Mônica.

24. Levando-se em consideração a tira de Maurício de Sousa apresentada, que elementos linguísticos constituem uma tentativa de aproximação com a língua oral?
(A) A onomatopeia hum e os pontos de exclamação, que demonstram a entonação.
(B) Os pronomes demonstrativos isto, este e esta.
(C) Os recursos visuais: balões, expressões faciais e gestuais.
(D) O verbo dizer e o uso do substantivo no diminutivo.
(E) As escolhas lexicais, em geral, realizadas por Maurício de Sousa.

25. Na tira de Maurício de Sousa, verifica-se que, para se referir à segunda pessoa, no contexto enunciativo, Mônica opta pelo uso do você. A respeito dessa questão, considere as afirmações abaixo:
I. A preferência pelo uso do você tem ocasionado uma simplificação no sistema flexional do português brasileiro, uma vez que esse pronome leva o verbo para a terceira pessoa.
II. A preferência pelo uso do você demonstra desconhecimento por parte dos falantes brasileiros, que não utilizam as
desinências corretas do português europeu e deturpam a língua original.
III. A frequência do uso de você no português brasileiro e suas consequências gramaticais (simplificação do sistema
flexional) evidenciam um possível processo de mudança na língua.
IV. A alternância entre o uso de tu e você, no português brasileiro, constitui um fenômeno de variação geográfica.
Está correto o que se afirma em
(A) I e IV, somente.
(B) II, somente.
(C) IV, somente.
(D) I, III e IV, somente.
(E) I, II, III e IV.

26. Quanto às trocas de r por l, transcritas nas falas de Cebolinha, é correto afirmar que o fenômeno apresentado
(A) evidencia a existência de variantes sociais na língua portuguesa.
(B) implica serem as tirinhas do Cebolinha inapropriadas ao ensino de língua portuguesa.
(C) evidencia a existência de variantes geográficas na língua portuguesa.
(D) é de caráter morfológico.
(E) é de caráter fonético-fonológico.

Atenção: As questões de números 27 a 31 referem-se ao texto abaixo.

Quatro ou cinco cavalheiros debatiam, uma noite, várias questões de alta transcendência, sem que a disparidade dos votos trouxesse a menor alteração aos espíritos. A casa ficava no morro de Santa Teresa, a sala era pequena, alumiada a velas, cuja luz fundia-se misteriosamente com o luar que vinha de fora. Entre a cidade, com as suas agitações e aventuras, e o céu, em que as estrelas pestanejavam, através de uma atmosfera límpida e sossegada, estavam os nossos quatro ou cinco investigadores de coisas metafísicas, resolvendo amigavelmente os mais árduos problemas do universo.
Por que quatro ou cinco? Rigorosamente eram quatro os que falavam; mas, além deles, havia na sala um quinto personagem, calado, pensando, cochilando, cuja espórtula no debate não passava de um ou outro resmungo de aprovação. Esse homem tinha a mesma idade dos companheiros, entre quarenta e cinquenta anos, era provinciano, capitalista, inteligente, não sem instrução, e, ao que parece, astuto e cáustico. Não discutia nunca; e defendia-se da abstenção com um paradoxo, dizendo que a discussão era a forma polida do instinto batalhador, que jaz no homem, como uma herança bestial; e acrescentava que os serafins e os querubins não controvertiam nada, e, aliás, eram a perfeição espiritual e eterna. Como desse esta mesma resposta naquela noite, contestou-lha um dos presentes, e desafiou-o a demonstrar o que dizia, se era capaz. Jacobina (assim se chamava ele) refletiu um instante e respondeu:
Pensando bem, talvez o senhor tenha razão.
[...]
(Machado de Assis. O espelho. Melhores Contos de Machado de Assis. São Paulo: Global, 2001)
27. No primeiro parágrafo do texto, pode-se observar que o autor estabelece uma sinonímia contextual entre as seguintes expressões:
(A) noite e alta transcendência.
(B) questões de alta transcendência e misteriosamente.
(C) questões de alta transcendência e mais árduos problemas do universo.
(D) agitações e aventuras e atmosfera límpida e sossegada.
(E) alta transcendência e menor alteração aos espíritos.


28. Logo no início do texto o autor utiliza-se da conjunção ou, na expressão quatro ou cinco, que se repete ao longo do texto. Com essa conjunção o autor quis expressar:
(A) alternância entre os elementos.
(B) equívoco.
(C) comparação entre os elementos.
(D) dúvida.
(E) redução de um dos elementos.

29. Um fato linguístico que evidencia a monotonia em que transcorre o encontro entre aqueles cavalheiros, do ponto de vista do personagem Jacobina, é
(A) a utilização do substantivo aprovação.
(B) o uso dos verbos pensar e cochilar no gerúndio.
(C) a informação da idade, entre quarenta e cinquenta anos.
(D) o uso do verbo passar no pretérito perfeito.
(E) o uso do verbo cochilar no particípio.

30. Os vocábulos disparidade, árduos e espórtula poderiam ser substituídos, respectivamente, pelos seguintes sinônimos de uso mais comum:
(A) igualdade, difíceis e doação.
(B) igualdade, duros e contribuição.
(C) diferença, difíceis e contribuição.
(D) diferença, duros e doação.
(E) concordância, duros e contribuição.

31. No segundo parágrafo, o autor faz uso da forma lha, em constestou-lha.
É correto afirmar que a forma lha
(A) sintetiza as funções de sujeito e objeto direto.
(B) tem a função de objeto indireto.
(C) tem a função de objeto direto.
(D) tem a função de sujeito.
(E) sintetiza as funções de objeto direto e objeto indireto.

Atenção: As questões de números 32 a 35 referem-se ao texto abaixo.

Por que o cabelo dos bebês escurece com o tempo?

Por duas razões. Primeiro, por causa do aumento da produção de melanina, a proteína que dá cor à pele e aos fios do cabelo. No recém-nascido, as células que produzem a melanina, os melanócitos, ainda estão em maturação. Com o tempo, elas aumentam progressivamente a produção do pigmento. O segundo motivo tem a ver com a espessura dos cabelos infantis. “Além de terem pouco pigmento, os fios dos bebês são bem mais finos. Por isso, mesmo tendo muito mais fios que os adultos crianças têm cerca de 1 100 raízes de cabelo por cm2, contra apenas 200 por cm2 dos mais velhos os recém-nascidos parecem ter cabelo mais claro e ralo”, afirma o dermatologista Maurício Mendonça, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). A carequinha desaparece depois de alguns meses, mas a cor final do cabelo vai depender do tipo de melanina da pessoa.
(Superinteressante, ed. 250, março de 2008)

32. A informalidade do texto, ainda que ele trate de um assunto especializado como a ciência, é evidenciada
(A) pela apresentação de citação.
(B) pela sua pequena extensão.
(C) pela ocorrência de vocábulos técnico-científicos: células, melanócitos, proteína.
(D) pelo uso de expressões coloquiais, como carequinha e tem a ver com.
(E) pelo recurso ao discurso direto.


33. O caráter informal demonstrado no texto selecionado tem como finalidade
(A) a aproximação e o diálogo com o leitor jovem, interessado em ciência.
(B) o diálogo com o público não interessado em ciência.
(C) o diálogo entre os especialistas na área.
(D) a busca pela novidade.
(E) a busca pelo embelezamento estético do texto.

34. A locução verbal vai depender, usada no texto, corresponde aos seguintes tempo e modo verbais:
(A) presente do indicativo.
(B) futuro do presente do indicativo.
(C) presente do subjuntivo.
(D) futuro do pretérito do indicativo.
(E) pretérito imperfeito do indicativo.

35. O advérbio de modo progressivamente foi formado por meio da derivação
(A) prefixal, por meio do acréscimo do prefixo pró-.
(B) sufixal, por meio do acréscimo do sufixo -mente.
(C) parassintética, por meio do acréscimo simultâneo do prefixo pro- e do sufixo -mente.
(D) imprópria.
(E) regressiva.

Atenção: As questões de números 36 a 38 referem-se ao poema abaixo transcrito.
Neologismo

Beijo pouco, falo menos ainda.
Mas invento palavras
Que traduzem a ternura mais funda
E mais cotidiana.
Inventei, por exemplo, o verbo teadorar.
Intransitivo:
Teadoro, Teodora.
(Manuel Bandeira, Belo Belo, 1948)
36. Nos quatro primeiros versos do poema, pode-se observar que se colocam em oposição as ações praticadas pelo poeta, de modo que uma das ações (inventar palavras) parece ter uma relevância maior do que as demais. Essa oposição entre as ações é intensificada pela oposição semântica existente entre
(A) pouco e menos.
(B) palavras e ternura.
(C) menos e mais.
(D) Beijo e falo.
(E) menos e Mas.

37. No poema, os verbos beijar e falar são empregados como
(A) intransitivos.
(B) transitivos diretos.
(C) transitivos indiretos.
(D) bitransitivos.
(E) verbos de ligação.

38. Sobre o neologismo teadorar, pode-se verificar que é formado por meio do pronome átono te, que antecede o verbo adorar. Essa criação lexical só foi possível porque
(A) se trata de um recurso estético do poeta, que burla as regras gramaticais do português quanto à colocação pronominal.
(B) a criação neológica não segue nenhum padrão ou regra.
(C) o poeta cometeu um erro gramatical.
(D) o acervo lexical do português é limitado.
(E) o pronome clítico, segundo o uso do português brasileiro, antecede o verbo, ou seja, é colocado em próclise.

39. Há pouco tempo, na mídia, foi lançada uma propaganda de cerveja, cujo texto afirmava: Você prefere assistir um joguinho ou um jogão? Você gosta de carrinho ou carrão? Mulher? -inha ou -ão? Então, vai continuar tomando cervejinha? [...] Chega de cervejinha. Vá de Cervejão [...]. Em relação ao uso dos sufixos -inho(a) e -ão no texto, pode-se afirmar que expressam, respectivamente,
(A) as ideias de tamanho pequeno e grande.
(B) carinho e depreciação.
(C) delicadeza e brutalidade.
(D) depreciação e valorização.
(E) simpatia e tolerância.

Atenção: Texto para as questões de números 40 a 42.
Entrevista

Doc. quanto à música popular tem alguma preferência?...
Inf. música popular eu também já não/ ... eu gosto de alGUmas mas essas BEM modernas muito gritadas ou MUIto faladas assim... eu não aprecio... têm mesmo as modernas têm muitas bonitas eu vejo as minhas gurias tocando às vezes nos di/ uns discos... e digo olha essa aí está passável essa dá para se ouvir... mas essas outras muito gritadas assim:: elas não sei vêm na moda e... e não ficam né?... não quer dizer que não não goste... gosto assim de algumas né?... mas EM geral eu prefiro a música clássica...
Doc. e quanto ao folclore?... as vestimentas ( )...
Inf. olha de folclore eu não estou muito a par eu de folclore que eu saiba é esses... conjuntos... como é que se chama? de... aqui pra fora... das prenda... não é? (isso) não é folclore? essas danças... que eu tenho:: pouca algumas vezes já vi... mas até já enjoei (digo) bom já tenho visto sempre aparece a mesma coisa... o folclore que eu saiba é isto... essas... essas danças da... não sei (como é que se diz) como é que se chama esse:: ... Cor/é Cortês o nome dele?...
[...]
(O fragmento de texto é parte de uma transcrição de texto oral feita no âmbito do Projeto NURC [Norma
Urbana Culta Falada], desenvolvido por pesquisadores de várias Universidades nacionais)

40. A respeito do marcador discursivo né?, presente no texto transcrito, pode-se afirmar:
(A) não apresenta nenhuma utilidade no texto oral.
(B) faz parte do tópico desenvolvido e introduz questões que exigem uma resposta textual por parte do interlocutor.
(C) em um processo de retextualização, da fala para a escrita, deve ser mantido no texto escrito.
(D) constitui um erro, por isso não deve ser usado em textos escritos ou orais, mesmo que sejam informais.
(E) embora não contribua no desenvolvimento do tópico, é um importante recurso de interação entre o falante e o ouvinte.

41. A utilização dos vocábulos gurias e prenda evidencia variação linguística
(A) morfológica.
(B) geográfica.
(C) estilística.
(D) fonético-fonológica.
(E) histórica.

42. No momento em que a Informante (Inf.) responde à primeira pergunta da entrevista, verifica-se que ela inicia uma resposta negativa, interrompe-a, responde afirmativamente e inicia uma nova oração com um mas. Essa estratégia demonstra que a Informante
(A) responde de modo cuidadoso, para não ofender a entrevistadora.
(B) deixa de dar opinião sobre o assunto perguntado.
(C) expressa sua opinião de modo categórico.
(D) recusa-se a opinar.
(E) contesta, sem demonstrar preocupação com a opinião da entrevistadora.

Atenção: Texto para as questões de números 43 a 47.
Cheiros da infância

Ao passar embaixo de uma magnólia em flor, uma pessoa pode se sentir transportada para a casa da avó, onde brincava no jardim durante as férias da infância. Essas memórias olfativas infantis são enraizadas no cérebro, mas um grupo do Instituto Weizmann de Ciência, em Israel, mostrou que o especial não é a infância. Yaara Yeshurun, Noam Sobel e Yadin Dadai constataram que, quando um cheiro é encontrado pela primeira vez em um contexto específico, ele deixa uma marca duradoura no cérebro (Current Biology). A descoberta veio de um experimento em que voluntários viam imagens associadas a cheiros. Depois reviam as imagens e buscavam lembrar a que cheiro estavam associadas, enquanto a atividade do cérebro era monitorada por um aparelho de ressonância magnética funcional. Uma semana depois, os participantes foram apresentados a combinações diferentes de imagens e cheiros, verificando-se que a recordação dos cheiros era acompanhada de uma assinatura específica de atividade cerebral que envolve o hipocampo, associado à memória, e a amígdala, zona do cérebro central no processamento de emoções.
(Adaptado de Pesquisa FAPESP, dezembro 2009, n. 166, p. 40-1)

43. Atente para as afirmações abaixo sobre o título do artigo, "Cheiros da Infância".
I. É condizente com o caráter narrativo do texto, pois este, sem deixar de descrever um experimento científico, abre espaço para a narração de uma história pessoal, retratando particularmente o período da infância.
II. A escolha de uma expressão com alguma tonalidade poética como título de artigo de uma revista de divulgação científica é plenamente justificada.
III. Foi escolhido por ser um título atraente mais do que por contemplar os resultados de pesquisa em questão, já que estes indicam não ser a memória exclusiva das experiências infantis.
Está correto o que se afirma em
(A) I, somente.
(B) II, somente.
(C) I e III, somente.
(D) II e III, somente.
(E) I, II e III.

44. Ao passar embaixo de uma magnólia em flor, uma pessoa pode se sentir transportada para a casa da avó, onde brincava no jardim durante as férias da infância.
Uma nova redação para a frase acima, que mantém o sentido e a correção originais é:
(A) Quando passar por debaixo de uma magnólia florida, alguém poderia se sentir transportado para a casa de sua avó, em cujo jardim brincara durante as férias infantis.
(B) Ao passar debaixo de uma magnólia florida, é possível que alguém se sinta transportado para a casa da avó, na qual brincava no jardim ao longo das férias da infância.
(C) Passando embaixo de uma magnólia em flor, é possível que uma pessoa se sentisse transportada para a casa da avó, onde havia brincado durante as férias da infância.
(D) Tendo passado embaixo de uma magnólia florida, alguém podia se sentir transportado para a casa de sua avó, em que brincou no jardim ao longo das férias infantis.
(E) Ao passar debaixo de uma magnólia em flor, uma pessoa talvez possa se sentir transportado para a casa da avó, em cujo jardim brincava durante as férias da infância.

45. O substantivo empregado em sentido conotativo está grifado na frase:
(A) ... era acompanhada de uma assinatura específica de atividade cerebral...
(B) ... um experimento em que voluntários viam imagens associadas a cheiros.
(C) Ao passar embaixo de uma magnólia em flor...
(D) ... e a amígdala, zona do cérebro central no processamento de emoções.
(E) ... onde brincava no jardim durante as férias da infância.

46. ... de um experimento em que voluntários viam imagens associadas a cheiros.
A transposição da frase acima para a voz passiva tem como resultado a forma verbal:
(A) era visto.
(B) via-se.
(C) são vistas.
(D) foi visto.
(E) eram vistas.

47. ... uma assinatura específica de atividade cerebral que envolve o hipocampo...
O pronome relativo grifado na frase acima está também presente na seguinte frase:
(A) Quem sabe que novas descobertas ainda hão de ser feitas sobre o funcionamento da memória?
(B) Outros profissionais, que não os cientistas, também têm muito a dizer sobre a memória.
(C) Que experiência fantástica não deve ser participar de pesquisas sobre a memória humana!
(D) Não parece haver nada de mais fascinante no estudo do corpo humano do que as pesquisas sobre o funcionamento do cérebro.
(E) É notável o fascínio que homens de todos os tempos parecem ter demonstrado pela memória.

48. Se é bem verdade que todos os povos, indistintamente, têm ou tiveram uma tradição oral, mas relativamente poucos tiveram ou têm uma tradição escrita, isto não torna a oralidade mais importante ou prestigiosa que a escrita. Trata-se apenas de perceber que a oralidade tem uma “primazia cronológica” indiscutível sobre a escrita (cf. Stubss, 1980). Os usos da escrita, no entanto, quando arraigados numa dada sociedade, impõem-se com uma violência inusitada e adquirem valor social até superior à oralidade.
(Luiz Antônio Marcuschi. Da fala para a escrita: atividades de retextualização. São Paulo: Cortez, 2008. p.17)

É correto apreender da leitura do fragmento acima que, para Luiz Antônio Marcuschi,
(A) oralidade e escrita, ainda que igualmente importantes, são diferentes, pois aquela surge antes desta, que tem, com frequência, maior valor social.
(B) a oralidade, tendo sido a primeira a surgir, é mais importante que a escrita, ainda que esta tenha sempre um valor social muito superior.
(C) a universalidade da escrita não é razão para vê-la como mais importante que a oralidade, pois esta sempre precede aquela cronologicamente.
(D) não há diferenças entre oralidade e escrita do ponto de vista do prestígio social, mas apenas uma precedência cronológica daquela sobre esta.
(E) a predominância da escrita em relação à oralidade é fruto de uma sociedade violenta, muito diferente das culturas pacíficas que desconhecem a escrita.

Atenção: Texto para as questões de números 49 a 53.

Há quem ainda hoje considere o teatro essencialmente como um veículo da literatura dramática, espécie de instrumento de divulgação a serviço do texto literário, como o livro é veículo de romances e o jornal, de notícias. Essa concepção exclusivamente literária do teatro despreza por completo a peculiaridade do espetáculo teatral, da peça montada e representada. Vale citar, neste contexto, o que Mário de Andrade disse certa vez ao apreciar de modo positivo uma encenação de Alfredo Mesquita por ter este evitado “aquela poderosa mas perigosíssima atração da palavra com que em nossa civilização a literatura dominou o teatro e desequilibrou-o, esquecendo-se de que ele era antes de mais nada um espetáculo”.
A discussão é antiga e esta contribuição procura evitar o extremismo contrário, em detrimento da literatura. Contudo, é necessário combater uma opinião que tende a reduzir o teatro, por inteiro, à literatura, qualificando a cena como “secundária” e mero “artesanato” e atribuindo-lhe só “em diminuta margem” uma “legítima intuição artística criadora”. (...)
(Anatol Rosenfeld. O fenômeno teatral. Texto/contexto. 4. ed., São Paulo, Perspectiva, 1985. p.21-2)

49. É possível inferir do fragmento transcrito que a concepção de teatro defendida por Anatol Rosenfeld
(A) opõe-se àquela de Mário de Andrade, que acreditava ser o teatro “antes de mais nada um espetáculo”.
(B) está centrada na encenação e no espetáculo teatral, tratando o texto literário como um elemento meramente secundário.
(C) procura valorizar tanto o espetáculo teatral como o texto literário da peça que é encenada.
(D) vai ao encontro da posição daqueles que veem o teatro como veículo da literatura dramática.
(E) recusa a preponderância que é comumente dada à cena e ao espetáculo teatral em detrimento do texto literário.







50. Há quem ainda hoje considere o teatro essencialmente como um veículo da literatura dramática, espécie de instrumento de divulgação a serviço do texto literário, como o livro é veículo de romances e o jornal, de notícias.
A respeito da relação entre recursos expressivos e intenções do enunciador, deve-se notar na frase acima transcrita, por meio
(A) da expressão veículo da literatura dramática, a alusão à mobilidade das teorias sobre o teatro, que para Rosenfeld são e serão sempre instáveis.
(B) de uma comparação (como o livro é...), a equiparação feita entre o teatro, de um lado, e os romances e o jornal, de outro, do ponto de vista da divulgação de ideias.
(C) da expressão pejorativa espécie de instrumento, um modo indireto de indicar o desprezo do crítico pelo texto literário enquanto tal.
(D) da utilização de ainda hoje, a sugestão de que a visão do teatro como veículo da literatura dramática está ultrapassada, a despeito de seus defensores.
(E) do segmento inicial Há quem (...) considere, o propósito de se referir a um determinado crítico teatral, mesmo sem nomeá-lo diretamente.

51. Atente para as afirmações abaixo sobre a pontuação utilizada no texto (1o parágrafo).
I. Em como o livro é veículo de romances e o jornal, de notícias, a vírgula indica a elipse de é veículo.
II. Em Essa concepção exclusivamente literária do teatro despreza por completo a peculiaridade do espetáculo teatral, uma vírgula colocada imediatamente depois da palavra teatro não alteraria a correção e o sentido da frase original.
III. O segmento delimitado por aspas (“aquela poderosa mas perigosíssima ... espetáculo”) constitui citação literal de
afirmação feita por Mário de Andrade.
Está correto o que se afirma em
(A) I, somente.
(B) I e III, somente.
(C) II, somente.
(D) II e III, somente.
(E) I, II e III.

52. A discussão é antiga e esta contribuição procura evitar o extremismo contrário, em detrimento da literatura.
Sobre o pronome grifado na frase acima é correto afirmar:
(A) poderia ser substituído por essa sem prejuízo para a correção e o sentido da frase.
(B) refere-se à contribuição constituída pelo próprio ensaio de Anatol Rosenfeld.
(C) reporta-se à contribuição de Mário de Andrade mencionada no parágrafo anterior.
(D) remete àqueles que no passado contribuíram para a discussão sobre o teatro.
(E) poderia ser substituído por aquela sem prejuízo para a correção e o sentido da frase.

53. ... uma opinião que tende a reduzir o teatro, por inteiro, à literatura ...
O verbo conjugado nos mesmos tempo e modo que o grifado na frase acima está em:
(A) ... esquecendo-se de que ele era antes de mais nada um espetáculo.
(B) ... quem ainda hoje considere o teatro essencialmente como um veículo da literatura dramática...
(C) Essa concepção exclusivamente literária do teatro despreza por completo a peculiaridade...
(D) ... aquela poderosa mas perigosíssima atração da palavra com que em nossa civilização a literatura dominou o teatro...
(E) ... o que Mário de Andrade disse certa vez...

Atenção: Texto para as questões de números 54 a 57.
Meninos carvoeiros

Os meninos carvoeiros
Passam a caminho da cidade.
Eh, carvoero!
E vão tocando os animais com um relho enorme.




Os burros são magrinhos e velhos.
Cada um leva seis sacos de carvão de lenha.
A aniagem é toda remendada.
Os carvões caem.

(Pela boca da noite vem uma velhinha que os recolhe,
[dobrando-se com um gemido.)

Eh, carvoero!

Só mesmo estas crianças raquíticas
Vão bem com estes burrinhos descadeirados.
A madrugada ingênua parece feita para eles...
Pequenina, ingênua miséria!
Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis!

Eh, carvoero!

Quando voltam, vêm mordendo num pão encarvoado,
Encarapitados nas alimárias,
Apostando corrida,
Dançando, bamboleando nas cangalhas como espantalhos desamparados!
Manuel Bandeira
54. Sobre o poema transcrito, é correto afirmar:
(A) Segmentos como madrugada ingênua, Adoráveis carvoeirinhos ou Apostando corrida não devem impedir a apreensão pelo leitor do lado terrível da vida das crianças que trabalham com o carvão.
(B) Ainda que de modo implícito, há uma censura do poeta à velhinha que recolhe os carvões que caem dos sacos levados nas costas dos animais, pois ela acaba por não pagar por eles aos carvoeiros.
(C) A imagem espantalhos desamparados, na última estrofe do poema, faz alusão ao modo como as pessoas fugiam ao verem os carvoeiros voltando da cidade durante a madrugada.
(D) O conjunto das estrofes não permite ao leitor identificar um movimento propriamente dito ao longo do poema, podendo ser cada uma delas associadas antes a cenas independentes, ainda que essas não sejam propriamente estáticas.
(E) O verso E vão tocando os animais com um relho enorme aponta para os maus tratos de que os animais de carga eram vítimas e pode ser considerado uma espécie de manifesto do poeta, ainda que velado, a favor da proteção a esses animais.

55. Leia as afirmações abaixo sobre os recursos expressivos do poema.
I. A utilização do diminutivo (magrinhos, velhinha, carvoeirinhos) é índice não apenas da carência dos “personagens” como também da proximidade afetiva do poeta em relação a eles.
II. O grito com que os meninos anunciam seu produto (−Eh, carvoero!) faz as vezes de refrão para o poema.
III. O poema foi composto em versos brancos, isto é, sem rimas, e não apresenta recursos sonoros típicos da poesia, como aliterações e assonâncias.
Está correto SOMENTE o que se afirma em
(A) I.
(B) II.
(C) III.
(D) I e II.
(E) I e III.

56. Desconsiderada a sua organização em versos, as frases que compõem a segunda estrofe do poema podem ser assim agrupadas num único período, com coerência e correção, depois de feitos os ajustes necessários:
(A) Os burros são magrinhos e velhos, porquanto cada um leva seis sacos de carvão de lenha, cuja aniagem toda remendada faz cair os carvões.
(B) Cada burro leva seis sacos de carvão de lenha, mesmo sendo magrinhos e velhos, os quais tem a aniagem toda
remendada, por onde caem os carvões.
(C) Os burros são magrinhos e velhos, e cada um leva seis sacos de carvão de lenha, que vai caindo pelos muitos remendos da aniagem.
(D) A aniagem dos sacos de carvão de lenha é toda remendada e deixam cair os carvões que os burros magrinhos e velhos levam.
(E) Os burros são magrinhos e velhos, contudo levam seis sacos de carvão de lenha cada, sendo que a aniagem deles têm muitos remendos, deixando assim cair os carvões.

57. Adoráveis carvoeirinhos que trabalhais como se brincásseis!
Feita a substituição do segmento destacado pelo singular correspondente − Adorável carvoeirinho −, mantêm-se a correção e o sentido da frase acima com a substituição das formas trabalhais e brincásseis, respectivamente, por:
(A) trabalha - brincava
(B) trabalhe - brincasses
(C) trabalhas - brincaste
(D) trabalhai - brincai
(E) trabalhas – brincasses

Atenção: Texto para as questões de números 58 a 61.

Pense no mais inconcebível terror. Um monstro de outro planeta? Uma epidemia mortífera? Ou, como nesta obra-prima do diretor Stanley Kubrick, o medo de ser assassinado por alguém que sempre o amou e protegeu, um membro de sua própria família?
Do roteiro que ele co-adaptou do livro de Stephen King, Kubrick mistura grandes interpretações, cenários ameaçadores, cenas extraídas de um sonho, com sustos constantes, transformando o filme num marco do terror. No papel principal, Jack Nicholson (“Aqui está Johnny”) interpreta Jack Torrance, que vai para o elegante e isolado Overlook Hotel com sua esposa (Shelley Duwall) e o filho (Danny Lloyd), para trabalhar como zelador durante o inverno. Torrance jamais havia estado naquele lugar antes. Ou será que havia? A resposta está na fantasmagórica jornada de loucura e assassinato.
(extraído do encarte do DVD do filme O iluminado, de Stanley Kubrick)

58. As seguintes características observadas no texto lido remetem à sua finalidade e forma de produção:
(A) a utilização do imperativo; a sequência de interrogações; o diálogo estabelecido com o leitor; a dúvida deixada em suspense (Ou será que havia?).
(B) a sequência de interrogações; os créditos do filme; a ausência de encadeamento entre os dois parágrafos; a conclusão dúbia (A resposta está...).
(C) a utilização do tempo presente em lugar do passado; as interrogações indiretas; o diálogo com o leitor; a afirmação categórica (Torrance jamais havia estado...).
(D) a utilização do subjuntivo; a incoerência na sequência de interrogações (Um monstro de outro planeta? Uma epidemia mortífera?); a conclusão esclarecedora.
(E) a utilização de frases nominais; as interrogações indiretas; os créditos do filme; a afirmação categórica (Torrance jamais havia estado...).

59. O segmento do texto cujo sentido está corretamente expresso em outras palavras é:
(A) cenários ameaçadores = paragens impressionantes.
(B) epidemia mortífera = pandemia letal.
(C) fantasmagórica jornada = episódio fantasioso.
(D) inconcebível terror = medo incontestável.
(E) marco do terror = limite fúnebre.

60. Torrance jamais havia estado naquele lugar antes.
Mantêm-se a correção e o sentido da frase acima com a substituição do segmento grifado por:
(A) em nenhuma oportunidade esteve.
(B) nunca fora.
(C) nunca estivera.
(D) em tempo algum estava.
(E) em qualquer circunstância visitou.

61. No papel principal, Jack Nicholson ("Aqui está Johnny”) interpreta Jack Torrance...
O verbo foi empregado com a mesma regência do verbo grifado na frase acima em:
(A) Pense no mais inconcebível terror.
(B) ... que vai para o elegante e isolado Overlook Hotel [...]
(C) ... trabalhar como zelador durante o inverno.
(D) ... por alguém que sempre o amou...
(E) A resposta está na fantasmagórica jornada de loucura e assassinato.

62. Os filmes de terror, dos mais comerciais aos mais elaborados, parecem arrebatar ...... todos. A principal diferença é que ...... uns costuma ser atribuído o epíteto de “filmes de arte”, e eles assim permanecem, enquanto os outros logo caem no esquecimento. Há, contudo, um terceiro grupo, o de filmes que, paradoxalmente, de tão ruins e mal feitos, passam da categoria “comercial” ......de filmes cult.
Preenchem corretamente as lacunas do texto acima, na ordem dada:
(A) a - a - a
(B) à - a - à
(C) à - à - a
(D) a - à - à
(E) a - a – à

GABARITO


01 – B
02 – B
03 – E
04 – C
05 – E
06 – E
07 – D
08 – C
09 – C
10 – A
11 – D
12 – A
13 – D
14 – B
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